12/02/05

OS MEUS POETAS - 10


Mulher gorda na janela

Não há pressa em seus olhos,
apenas o costume de estar só.
Seu olhar fixa as marcas que deixam os coches,
atenta em vão
ao que falta.
Apoia seu rosto no vidro frio
e repousa.
Olha suas mãos redondas, pequenas,
toca em seus seios grandes e quentes,
pensa em seus pés e sorri maternalmente.
Corpulenta e doce como uma boa sopa,
murmura,
e no entanto está só.
Sabe que está fora mas não sabe de quê.
Ninguém percebe a sua paixão
pesada e gorda na janela.



(Beatriz Novaro - México)
tradução: Ana Thereza Vieira

Obs.: encontrei este poema no blogue da lebre do azrrozal (alice)- http://www.theresonly1alice.blogspot.com/

Não conheço o poema original, em castelhano, mas parece-me que, muito possivelmente, a palavra «coches» do 3ºverso seria melhor traduzida por «carros».





Etiquetas:

Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com Licença Creative Commons