22/02/05

PENSAR - 8

DO TEMPO
Muitas vezes a mim mesmo perguntei e muitas vezes escrevi: "Onde é que está o que se passou, onde é que está o que se passou, em que cave, em que arrecadação extravagante, ultramundana, em que arrecadação do nada ou do tudo se encontra o passado?" Será que o passado passa, Deus-sabe-de-que-maneira, para o presente? O presente será sempre, será esse futuro sempre no presente? De certa maneira: oh incerta e paradoxal forma."O que foi... o que foi... o que foi... Desesperadamente, corro atrás do que foi, atrás do que foi. Será o que já foi "nunca mais"? Talvez, no presente, o passado active este presente, se transforme em presente. Ele existiria da mesma forma que existem aqueles livros enormes nas bibliotecas. Como as páginas que lá estão, fotografadas em clichés minúsculos, para não ocuparem tanto espaço e para poderem ser lidos nos aparelhos, nas lupas, nos microscópios que aumentam, aumentam muito.
Eugène Ionesco, A Busca Intermitente, (Lisboa, Difel, 1990)

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