26/09/09

LEITURAS - 122




«Ficou deitado à escuta, a ouvir a água que gotejava nos bosques. Era a rocha-mãe à flor da terra. O frio e o silêncio. As cinzas do mundo falecido arrastadas para um lado e para o outro no vazio pelos ventos gélidos e efémeros, portadores do tempo. Arrastadas para novos lugares e espalhadas pelo chão e de novo arrastadas. Tudo desligado dos respectivos alicerces, tudo a pairar no ar cinzento, sem qualquer ponto de apoio. Suspenso por uma aragem, trémula e fugaz. Se ao menos o meu coração fosse de pedra.»

Cormac McCarthy, A Estrada
ed.Relógio d'Água

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