20/10/09

POETAS MEUS AMIGOS - 113

Criação





Sôbolos rios que vão...

Quando não havia quase nada na terra e muito
[nevoeiro no céu, Deus viu
que tinha tristeza nos olhos e
disse:
haja mais luz,
e as flores nasceram e as cores .

Que lindo,
disse Deus,
e recolheu-se nos aposentos.

No dia seguinte, abertas as janelas, Deus pensou

[na maneira como as flores
deviam espalhar as sementes,
e disse:
cada flor tenha uma pétala borboleta,
e os jardins encheram-se de crianças.

Vou ficar aqui,
disse Deus,
e pôs escritos nos vidros.

As crianças não deram conta de nada.
Andaram aos saltos em terra mole e loira
como papinhas de aveia, nuns sítios,
e mais morena nos de alguma sombra.

Tinham salpicos nas pernas e sardas nas bochechas.
Os cabelos iam arranjando as cores da luz.

Mas os pés de Deus abriam crateras e iam arrastados,
[ a sujar as cores do chão.

Parou para descansar, pensou e disse:
que a água vá por caminhos seus
e deixe bocados de terra firme.

Apareceram rios grandes, ribeiros e arroios,
margens seguras por salgueiros, meruges

[ e outras ervas.

E Deus meditou muito.


Passava uma aragem fina, de som de harpas e liras.
Deus pensou muito, nas árvores e naquela espécie
[ de música.
Ficou triste outra vez,
e tirou os escritos das vidraças.

Zef (Zeferino)
In http://www.vozromazeira.blogspot.com/

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