15/11/09

OS MEUS POETAS - 124



[Para me não veres]

Para me não veres -
Na vida - cinjo-me da cerca
Invisível e penetrante.
.
Cinjo-me da madressilva,
Cubro-me do algodão de geada.
.
Para me não ouvires
Na noite - com manha de velha
Me dissimulo - e me protejo.
.
Cinjo-me do restolhar.
Cubro-me de ramagens.
.
Para que não floresças muito
Em mim - nos silvados: enterro-me
Nos livros ainda em vida:
.
Cinjo-te de fantasias,
Cubro-te de ilusões.


Marina Tsvetáeva
In Depois da Rússia, 1922-1925
trad. de Nina Guerra e Filipe Guerra.

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