05/04/10

POEMAS COM ROSAS DENTRO - 81



Uma rosa e Milton

Das gerações das rosas desfolhadas
Que o fundo do tempo as viu se perderem
Quero uma salva dos que a esquecerem,
Uma entre as coisas sem signo ou marcadas
Que já foram. O fado tem-me posto
Este dom de nomear por vez primeira
Esta flor silenciosa, a derradeira
Rosa que aproximou Milton ao rosto,
Sem vê-la. Tu, branca, rosa ou vermelha
Ou amarela de um jardim fanado,
Deixa magicamente teu passado

Imêmore no verso qual centelha,
Ouro, sangue ou marfim ou tenebrosa
Como em tuas mãos, ó invisível rosa.


Jorge Luís Borges

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