08/08/10

POETAS MEUS AMIGOS - 133



a poesia


"Ai que saudades que eu tenho
da aurora da minha vida..."


Quando eu tinha oito anos conheci
a Poesia, quase meio de abril, não
me lembro bem o dia, o açude estava
cheio, lá no céu luar luzia um ouro igual
às comidas que a minha mãe fazia lá
na casa de vovô, quando tudo era alegria.

Sim, foi depois do jantar que a outra
Tia Maria então resolveu cantar uma história
que sabia, e pensei estar a contar
a vida que eu vivia.

Se eu pudesse voltar àquele tempo
feliz, quando vivia a nadar e brincar
no chafariz, muita história ia inventar,
mas sem crescer o nariz, sanfona
iria tocar, e Beija-flor ou Concriz iriam
irradiar um jogo de futebol que, só para
ser melhor, tinha um doido por juiz.

Pois a Poesia é criar imagens
só com a escrita. Rosinha vive
a tentar com sua letra bonita, seu
caderno a enfeitar, mas já notei
que se irrita se eu apenas falar
que a sua seda é só chita.

Alguém precisa dizer, sinceramente,
às meninas, que seus cadernos bonitos
podem ser tudo, mas mina do tesouro
da Poesia é palavra, ritmo e rima.

A Poesia é como Deus: para quem
sabe da prece, pode até se mascarar,
mas ela um dia aparece, esse dito,
esse não dito, essa mal dita bendita.


escritos de Nanin
pelo modesto Antônio Adriano de Medeiros

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